A integração sensorial está relacionada com a organização no nosso cérebro para transformar as informações recebidas pelos sentidos em noções úteis, e assim serem usadas no cotidiano. Ou seja, é entender o ambiente, o corpo e todos os estímulos exteriores, processo essencial para que possamos nos organizar no tempo e espaço, para ter uma reação ou aprendizado de acordo.
Pode parecer simples, mas não é. Pois o processamento inadequado das informações sensoriais pode gerar dificuldades na aprendizagem, problemas motores e outras dificuldades no desempenho diário, gerando uma disfunção de integração sensorial.
Por isso, as técnicas de Terapia de Integração Sensorial só podem ser aplicadas por profissionais especializados na área, como Terapeutas Ocupacionais. São alternativas que trazem conforto a quem tem dificuldade em processar informações sensoriais, além de auxiliar aqueles que têm excesso, ou falta de sensibilidade em algum dos sentidos.
Se você quer saber mais sobre o assunto e conhecer algumas formas de realizar essa terapia, continue a leitura!
O que é a integração sensorial?
A integração sensorial diz respeito à organização cerebral das sensações corporais para um determinado fim. Sendo assim, é função do cérebro classificar e organizar as sensações que recebemos através dos sentidos – visão, olfato, audição, paladar e tato – posição e movimento, gravidade, movimento de cabeça e equilíbrio.
Ou seja, é um processo inconsciente que ocorre no cérebro e permite ao indivíduo interagir com o seu entorno de modo efetivo. Esse processo é o alicerce para funções cerebrais sociais e cognitivas mais refinadas, como ler e escrever, por exemplo.
Segundo Jean Ayres, uma das principais estudiosas sobre a Teoria da Integração Sensorial, “[…] a organização das sensações do corpo e do meio ambiente em um processo frequente de reconhecimento, interpretação e ação, resultam na Integração Sensorial”.
Por fim, a integração sensorial permitirá que as diferentes partes do sistema nervoso possam trabalhar em conjunto de forma organizada, de maneira que permita ao indivíduo interagir e reagir ao seu entorno de forma efetiva. Assim, a pessoa consegue se organizar no tempo e espaço, realizando as atividades do cotidiano facilmente.
Como funciona a Terapia de Integração Sensorial?
Os métodos presentes na Terapia de Integração Sensorial fornecem estímulos sensoriais à criança em um processo natural e lúdico. Contudo, não visa habilidades específicas, mas sim, a organização cerebral do paciente e só deve ser precedida por uma avaliação minuciosa, realizada por profissional treinado e qualificado.
O método terapêutico é baseado no sistema Ayres Sensory Integration (ASI), que visa identificar e tratar a disfunção sensorial do paciente. Sendo assim, no Brasil e em vários outros países somente o Terapeuta Ocupacional pode realizar a formação completa e obter a Certificação Internacional de Integração Sensorial.
Ou seja, é por meio da Terapia Ocupacional que o paciente terá ajuda para reorganizar as sensações com o objetivo de reduzir seus efeitos negativos nas crianças. Consequentemente, isso ajudará no convívio social, no aprendizado e em outras capacidades do indivíduo.
Portanto, com o auxílio de terapeutas ocupacionais é possível aprimorar a integração sensorial que irá auxiliar a pessoa a desenvolver a sua atenção, percepção e aprendizado, além de outros benefícios que contribuirão para o crescimento e melhor qualidade de vida.
Sinais de disfunção de integração sensorial no dia a dia
A integração sensorial pode ser feita por qualquer criança que apresente um desenvolvimento motor ou tátil mais lento, assim como sinais de alterações de integração sensorial. Ou seja, quando o corpo e todos os sentidos não cumprem juntos suas funções, o cérebro trabalha de maneira desequilibrada e desorganizada, de modo a dificultar o processo de adaptação e de aprendizagem da criança.
No caso da pessoa autista, por exemplo, há algumas que são sensíveis aos estímulos táteis (toque) e se incomodam até com a própria roupa. Também existem aquelas sensíveis aos estímulos sonoros, que acabam ficando ansiosas e incomodadas mesmo com os barulhos mínimos do ambiente.
Para melhorar a qualidade de vida dessas crianças, é fundamental contar com uma intervenção terapêutica. Entretanto, é importante ter em mente que os padrões de sensibilidade sensorial variam de acordo com cada pessoa. E, caso algum contato típico do dia a dia esteja sendo um grande desafio, melhor conversar com um terapeuta ocupacional.
Quais atividades estimulam o desenvolvimento sensorial?
A integração sensorial é feita de acordo com o tipo de disfunção de cada criança. Para isso, reforçamos a importância do acompanhamento especializado com profissionais capacitados, como Terapeutas ocupacionais, para distinguir quais e como devem ser inseridas tais atividades para o desenvolvimento sensorial do paciente.
Contudo, há algumas atividades simples que podem ser conduzidas pelo terapeuta e, depois, reproduzidas em casa desde que exista esta indicação. Confira algumas delas a seguir:
1. Toque de texturas
Se a criança sente um incômodo fora do normal ao tocar em determinadas texturas, o terapeuta vai estimular esse contato aos poucos. Muitas vezes, são usadas brincadeiras para isso.
O profissional pode, por exemplo, pedir para a criança fechar os olhos e tocar uma massinha de modelar ou brinquedos de borracha, que são ligeiramente grudentos. Depois que ela estiver acostumada com a sensação, será possível avançar para outros objetos com texturas similares.
2. Brincadeiras com formas
As brincadeiras de encaixar formas são importantes para o desenvolvimento intelectual e psicomotor. Enquanto a maioria das crianças já consegue fazer encaixes facilmente a partir dos dois anos, aquelas que apresentam disfunção neurológica costumam apresentar um progresso mais lento.
Por isso, continuar fornecendo estímulos a elas é uma importante forma de auxiliar no progresso neurológico — além de trabalhar o tato e a visão em conjunto, o que pode ser difícil em alguns casos.
3. Toque do nariz
Fechar os olhos e tentar tocar a ponta do nariz (ou outras partes do próprio rosto) é uma brincadeira lúdica que tem um importante papel no desenvolvimento do sistema proprioceptivo.
Trata-se da capacidade de reconhecer o espaço que o próprio corpo ocupa no ambiente, o que também interfere na coordenação motora dos membros. Essa atividade simples também pode ser feita com adolescentes e até adultos.
4. Balanço e gira-gira
Brincadeiras comuns à maioria das crianças, como balanço, gira-gira, entre outras, servem para desenvolver e estimular o aparelho vestibular. Esse conjunto de órgãos tem como função regular a noção de gravidade do corpo.
Os movimentos realizados ajudam a controlar o equilíbrio corporal e são boas estratégias para gastar a energia de pacientes muito agitados ou nervosos. Mas é importante que sejam realizadas conforme o tempo perceptivo de cada indivíduo e acompanhado de responsável.
5. Tapete sensorial
Entre crianças que têm pouca sensibilidade tátil, uma boa maneira de criar estímulos é o tapete sensorial. Geralmente, ele é formado por um retângulo com retângulos menores, repletos de diferentes texturas.
Aprender a diferenciar essas texturas ensinará o cérebro do paciente a compreender melhor a experiência do tato. É possível colocar objetos no fim do percurso do tapete, para que sejam segurados e sentidos.
6. Trenzinho humano
Utilizando um pedaço de malha, o terapeuta pode prender a criança e ele mesmo, deixando um espaço que permita movimentações (para que andem como em um trenzinho). A criança assume a frente, controlando a velocidade e a hora de parar ou fazer curvas, por exemplo.
Além de divertida, a atividade é capaz de estimular o planejamento motor, a noção de velocidade e ritmo e o espírito de cooperação. As crianças com dificuldades em frear o próprio corpo também vão lidar com isso na brincadeira.
7. Estímulo com pressão
Algumas pessoas autistas sentem-se mais confortáveis quando estão fisicamente pressionadas — com um cobertor pesado ou um colchão em cima do corpo, por exemplo. Elas são hipossensíveis e precisam de estímulos mais fortes para que consigam senti-los.
Não há nenhum problema em atender a tal necessidade, desde que você tenha certeza de que a criança não esteja se machucando. Nesses casos, massagens vigorosas também são bons estímulos táteis, além de ajudarem no relaxamento.
A maioria das brincadeiras é fácil de ser reproduzida em casa, pois não requer muitos materiais. Basta ter bastante paciência e atenção.
Como saber se o paciente precisa dessa terapia?
A Terapia de Integração Sensorial é indicada, principalmente, a crianças com disfunções de integração sensorial como TEA, TDAH, paralisia cerebral, Síndrome de Down, déficit de atenção ou outras disfunções neurológicas. Geralmente, disfunções neurológicas são detectadas pelo psicólogo ou neurologista. A verdade é que uma terapia ocupacional é sempre benéfica, pois identifica aquilo que mais aflige o paciente e proporciona um tratamento personalizado.
Basicamente, existem comportamentos que podem indicar a presença das disfunções sensoriais que se enquadram. Como disfunções envolvendo o sistema vestibular; disfunções envolvendo o sistema proprioceptivo; disfunções envolvendo o sistema tátil; disfunções envolvendo o sistema visual; disfunções envolvendo o sistema auditivo. Mas é importante ressaltar que não se deve analisar apenas a presença ou ausência de sinais, mas também a frequência que isso ocorre no dia a dia do indivíduo.
Portanto, é importante reforçar que somente uma avaliação médica qualificada pode diagnosticar corretamente se o paciente possui alterações do processamento sensorial e quais os tratamentos indicados.
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