No dia da abertura dos Jogos Paralímpicos, o jornal publicou uma entrevista com a presidente do Conselho da Região Metropolitana Ilê-de-France, Valérie Pécresse, na qual ela propunha o lançamento de um plano de € 20 bilhões para tornar as estações das antigas linhas de metrô da cidade acessíveis a pessoas com mobilidade reduzida em um prazo de 20 anos. Essa ideia, aliás, é antiga e pouco tem avançado, embora a questão da inclusão seja uma das principais bandeiras da mobilidade urbana contemporânea.
Mais acessibilidade na rede de metrô e trem
De acordo com Joubert Flores, presidente do Conselho Administrativo da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), a capital francesa enfrenta um desafio comum a muitas outras cidades globais dotadas de infraestruturas de transporte antigas, embora ainda úteis. “O metrô de Paris foi inaugurado em 1900, e a lei que prevê acessibilidade nesses sistemas é recente: tem menos de 20 anos”, explica Joubert Flores.
De acordo com o especialista, embora prover o acesso seja justo e necessário, algumas estações parisienses têm mais de 100 anos. Nesses casos, as obras se tornariam inviáveis. Em outros, os custos seriam muito elevados. Ele ressalta, porém, que estações construídas há menos de dois anos são acessíveis às pessoas com mobilidade reduzida.
Ponto de vista do usuário
Para Silvana Cambiaghi, arquiteta, presidente da Comissão Permanente de Acessibilidade de São Paulo (CPA) da prefeitura de São Paulo e cadeirante, o problema no sistema metroferroviário de Paris traz consequências para cidadãos e turistas. “A falta de acessibilidade no meio de transporte mais utilizado em Paris tem um grande impacto negativo para as pessoas com deficiência, idosos, gestantes e pessoas levando carrinho de bebê, com mobilidade reduzida”, diz Silvana.
Ela menciona que, mesmo o metrô sendo antigo, ele pode se atualizar com a adoção de novas tecnologias para adaptação. “Pois a cidade sempre se destacou na arquitetura e na engenharia com obras do porte da Torre Eiffel, do Museu do Louvre e do Eurotúnel”, completa.